quinta-feira, 19 de abril de 2007

Alterações no Alqueva devido á construção da barragem

O que se pretende com este trabalho
Este trabalho foi realizado com a finalidade de averiguar e quantificar a área da zona do Alqueva afectada pela construção da barragem, mais concretamente as áreas de floresta que se perderam.
Outros dos objectivos do trabalho prende-se com a utilização do IDRISI e o domínio das suas funções.



Comandos usados:






O que mudou no Alqueva
A 8 de Fevereiro de 2002 fecharam-se as comportas do Alqueva e o nível das águas começou a subir. Como é claro esta subida não foi instantânea, mas sim lenta e progressiva. Nesta altura a zona tinha este aspecto:
Alqueva em 2002


Este dia será recordado por muitos como o dia em que se deu um passo importante para o desenvolvimento da agricultura, do turismo e da economia do Alentejo e em que se acabou com o perigo da seca numa região onde a água é um recurso escasso.

Para outros, será recordado como o dia onde questões como a qualidade da água, a salinização dos solos, o abate de mais de um milhão de árvores, a destruição do habitat de várias espécies raras e ameaçadas, a submersão de um património arqueológico único se tornaram cada vez mais importância.
O enchimento desta barragem levou á criação do maior lago artificial da Europa com aproximadamente 25mil hectares de superfície, 83Km de comprimento e uma área de cerca de 110mil hectares de área de rega. Tendo em conta isto era previsível que esta construção viesse a alterar de uma forma drástica e num curto espaço de tempo toda a região Alentejana.
Um ano mais tarde, apesar de ainda não estar completo o processo de enchimento, já eram bem visíveis as alterações.

Alqueva em 2003


Para percebermos concretamente o que se alterou cruzamos a informação dos mapas da mesma zona mas de anos diferentes e obtivemos um que põe em evidencia as altersções sofridas por este espaço.
Modificações na região do Alqueva


Para tornar mais fácil a interpretação do mapa procedemos à sua requalificação, colocando toda a área alterada em evidência e mantendo com as cores iniciais as zonas que não sofreram qualquer alteração. Desta forma tem-se uma visão geral de todo o efeito que o enchimento desta barragem teve naquela região.


Para além desta reclassificação também fizemos outra que tem como objectivo evidenciar de forma concreta o que se alterou, ou seja, perceber quais os terrenos que tendo uma determinada natureza, esta foi modificada devido ao enchimento da barragem (podemos por exemplo quantificar o que passou a estar submerso de água, o que passou a ser vegetação arbustiva, etc).



O que se concluiu
Ao olharmos para estes últimos mapas podemos constatar que ouve grandes alterações do ano de 2002 para o ano 2003. Uma das alterações mais faladas e discutidas foi a desflorestação desta área. Em 2002 a floresta ocupava 9668,61 hectares desta zona, e em 2003 estava reduzida a apenas 6044,58 hectares, sendo que 1297,08 hectares de terreno que em 2002 tinham outro uso em 2003 passaram a ter floresta.

No caso da vegetação arbustiva ocorreu o contrário e verificou-se um aumento significativo, tendo se criado mais 2746,26 hectares e perdido muito pouco.
Também as áreas sem vegetação diminuíram de 4150,8 hectares em 2002 para 3132,72 hectares em 2003, porém destes últimos 1519,02 hectares deixaram de ter vegetação.
Por último, mas muito provavelmente o que mais nos interessa, uma vez que constitui o maior problema inerente á barragem, é a área que foi inundada. Em 2002 o riu ocupava apenas 154,8 hectares desta zona, no espaço de um ano esse valor aumentou para 2371,41 hectares, tendo sido alagada uma área de 2218,14 hectares.
Com este trabalho verificamos, numa escala real, a dimensão das alterações sofridas na zona do Alqueva provenientes do enchimento e construção da barragem. Isto permite-nos ter uma noção mais precisa do problema e assim tomar uma atitude crítica em relação a este e aceitar ou não o que nos é dito muitas vezes pelos meios de comunicação social ou pelas organizações ambientalistas.

Com estes dados e os mapas que finais que obtivemos poderíamos desenvolver inúmeros trabalhos de estudo sobre populações tanto de animais como de plantas da zona que tenham sido afectadas por esta obra. Assim com construções humanas, como é o caso da Aldeia da Luz, ou até mesmo as gravuras rupestres existentes na zona.

Verificamos assim que nada pode ser feito sem que haja consequências, e no caso das barragens, embora sejam encaradas como uma forma de energia alternativa aos combustíveis fósseis por não serem poluentes e por utilizarem uma fonte renovável, trazem muitas alterações á zona e consequentemente muitas perdas.


Outros casos em que se pode utilizar esta metodologia:
Esta monitorização de áreas e o cruzamento de dados da mesma área em datas diferentes permite-nos
visualizar com pormenor e rigor as alterações que ocorreram nessa área.
Isto tem grande utilidade no caso de construções, podendo-se avaliar a evolução da contrução nessa zona
, mas também é muito útil por exemplo no caso dos incêndios, pois permite sobrepor imagens da zona antes e depois do incêndio e calcular a área ardida.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Escolha de uma área para cultivo no Alentejo

Qual a finalidade deste trabalho?
Neste trabalho existem dois objectivos a cumprir: um deles a nível de tecnologias de informação geográfica que se prende com o funcionamento e utilização de um software especifico para este fim, o IDRISI, e outro com uma vertente mais prática que consiste na determinação, numa zona restrita do Alentejo, da área mais propícia ao cultivo, tendo como base algumas características do terreno e da região tais como o declive, a precipitação e o tipo de solo.


Como fizemos:

Como determinar a melhor área de cultivo nesta zona?

Nem todas as zonas têm condições favoráveis à agricultura, assim sendo para que isto aconteça é necessário reunir uma série de factores. Neste caso baseámo-nos no declive do terreno, na precipitação total anual e no tipo de solo, como principais factores a ter em conta na determinação da melhor área de cultivo.
Como é do nosso conhecimento qualquer cultura para crescer necessita de água, em maior ou menor quantidade, consoante o tipo de planta, de modo a que não sofram com falta de água mas também não se estraguem com excesso dela. Assim sendo é importante que a precipitação total anual naquela zona esteja entre determinados valores, neste caso entre 500 e 600 mm.

Mapa de precipitação


Outro aspecto fundamental em agricultura é o declive do terreno, pois os terrenos muito inclinados não possibilitam a retenção da água deixando-a escorrer e levando consigo minerais, fertilizantes e por vezes até mesmo as sementes. Para além desse facto, terrenos com grandes declives tornam-se de difícil acesso e caso se deseje cultivar algum cereal, como o trigo ou o milho, em que se torna economicamente mais viável a utilização de maquinaria, a sua acção e o seu deslocamento podem ser dificultados ou até impossibilitados pelo declive. Desta forma no nosso estudo seleccionamos apenas as zonas em que o declive era inferior a 4%.

Mapa de declive


Por último, mas talvez um dos aspectos mais importantes, o tipo de solo. Como nós sabemos existem inúmeros tipos de solo diferentes, contudo nem todos são bons para a agricultura, e mesmo dentro dos que são cada um adapta-se melhor a um tipo de cultura consoante as suas características. Existem plantas que preferem solos de pH mais elevado, outros solos mais arenosos ou argilosos, com maior ou menor porosidade ou capacidade de retenção, entre outras coisas.
Neste caso escolhemos, preferencialmente, os vertissolos. São solos minerais, hidromórficos ou não, argilosos (mais de 30% de argila), que apresentam grande mudança de volume em função da variação do teor de humidade, apresentando fendas profundas e largas quando secos. Os teores relativamente altos de argila com actividade alta, tornam os solos muito plásticos e pegajosos, quando molhados, e de consistência extremamente dura, quando secos, além de lenta permeabilidade. Quimicamente são solos ricos, com alta saturação de bases, além de argila, que conferem ao solo uma grande actividade da fracção argila. Quanto à reacção, são solos neutros ou alcalinos, com pH normalmente entre 7,0 e 8,0. Originam-se a partir de sedimentos argilosos.

Mapa de solos


Estes dados, isoladamente, não têm para nós grande utilidade, pois a qualidade de um solo não se pode determinar com base em apenas um deles, mas sim na interligação dos três. Para tal efectuamos um cruzamento destes dados, sobrepondo os mapas e verificando as áreas onde os parâmetros se sobrepõem, reunindo assim as três condições essenciais.

Mapa de precipitação/declive/solos


Mapa de precipitação/declive/solos 3D


O mapa obtido é rico em informação, no entanto nem toda esta informação nos é útil. Portanto, para o nosso trabalho apenas nos interessam as áreas que reúnem as três condições: declive inferior a 4%, precipitação total anual entre 500 e 600mm e vertissolo. Assim reduzimos o nosso mapa a apenas duas zonas distintas: as que nos interessam e reúnem todas as condições que foram impostas e aquelas que não cumprem os nossos requisitos.

Mapas das zonas de cultivo


Mapas das zonas de cultivo 3D


Também procurámos obter e disponibilizar imagens a três dimensões, tendo como base uma carta de altimetria de forma a ser mais fácil adquirir uma ideia do relevo da zona mais propícia ao cultivo, sem ter que se ir ao terreno.


Olhando para estes mapas conseguimos saber que existem várias áreas propícias ao uso agrícola e onde se situam em relação à região que analisámos. Também nos foi possível calcular a área total de toda a região que tem as melhores condições para cultivo. Desta forma, verificámos que existem 33584.22ht ou 335.8422Km2 apropriados para agricultura. Contudo, também é importante localizar esta região de uma forma rigorosa num mapa de Portugal.

Mapa de localização


Desta forma, conseguimos ter a noção exacta de onde se localiza a nossa área de estudo no território português.
Porém também é importante ter em conta algumas características da zona, como por exemplo a existência de terrenos de regadio, ou de rios e albufeiras.

Mapa de rios e albufeiras


Mapa de terrenos regadios


A localização de albufeiras e cursos de água em relação à área seleccionada é relevante, pois é necessário ter conhecimento se a zona de cultivo é atravessada de cursos de água, a fim de saber se pode ser realmente utilizada para agricultura, assim como é importante saber se parte da zona não estará debaixo da água de alguma albufeira, pois os parâmetros que foram utilizados inicialmente não incluíam essa informação.
Também é importante saber a localização dos regadios, uma vez que é necessário saber se a rega poderá ser feita dessa forma ou se terão de ser encontradas outras soluções.
Existem ainda outros aspectos a ter em atenção, como por exemplo algumas construções e infra estruturas existentes e também as zonas protegidas por lei.

Mapa das linhas de comboios e áreas protegidas


Pode-se verificar pela imagem que uma zona do terreno seleccionado é atravessada por linhas férreas, logo isto será uma limitação ao espaço que pode ser efectivamente utilizado para cultivo, no entanto também é perceptível que o comboio poderá ser um bom meio de transporte a utilizar, para o transporte tanto do que for cultivado como de maquinaria, caso esta seja necessária.

Quanto a áreas protegidas, pode-se verificar que não há qualquer sobreposição, logo nenhuma parte da área seleccionada para cultivo ficará inutilizada por ser também área protegida.


O que concluímos no nosso estudo:
Olhando para todos estes mapas e cruzando toda a informação que tínhamos, conseguimos determinar quais as áreas desta zona do Alentejo cujas condições são boas para cultivar. Porém, é realmente necessário ter em conta todos os factores referenciados, pois utilizando apenas alguns deles podemos ignorar condicionantes e factores limitantes à exploração daquela área como zona agrícola.
Concluímos então que a região mais indicada se localiza no interior alentejano, espalhando-se por seis conselhos distintos e resulta da sobreposição da informação dos três primeiros mapas.
Porém nem todo este espaço é cultivável uma vez que é atravessado por vários cursos de água, caminhos-de-ferro e ainda albufeiras, como podemos verificar cruzando informação já existente e disponibilizada em sites, como por exemplo o Atlas do Ambiente (que nós utilizámos), o que nos permite ter uma noção melhor das áreas que são efectivamente utilizáveis e daquelas que por alguma circunstância não se podem utilizar para o fim desejado.